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costuma apelidar de "saturapäo motivica". encontra no primeiro movimento sua aplicapäo exemplan as quatro notas do tema estäo presentes o tempo todo. mas a müsica näo se repete: ao contrario, evolui constantemente. Na curta exposiqäo säo apresentados dois fe rnes em tonalidades diferentes, como de costume: dd menor e seu relative maior. mi bemol. Na tradipäo clässica. quando duas tonalidades eram täo pröximas. costumava-se marcar a transiqäo por um desvio (por exemplo: dö menor — lä bemol maior — mi bemol). para que o salto se tornasse mais evidente. Beethoven faz, por assim dizer, uma ligaqäo direta. de maneira que o segundo tema parece uma ornamentaqäo do primeiro. que alias continua soando nos baixos. Mesmo no desenvolvimento. os dois aparecem sempre entrelaqados. Numa dinämica täo cerrada. quase obsessiva. a brevissima cadencia de oboe surge como uma revelaqäo Eia e. de tato, o pivö dramätico do movimento. Nas seqöes seguintes. o ''tema do destino” se torna escansäo ntmica: implicito nas varia- göes sobre um tema de danqa que constituem o Andante, volta no Scherzo como celula melddica constitutiva do motivo principal. Na relaqäo entre Scherzo e Allegro finale estä a inovapäo mais marcante. do ponto de vista da estrutura gerat Näo apenas o Scherzo se prolonga para servir de mtroduqäo ao Allegro, como a primeira parte dele reaparece, citada textualmente, logo antes da conclusäo. Beethoven ja inserira um retorno ä introdugäo antes da recapitulagäo do primeiro movimento de sua Sonata Patetica. mas aqui a intengäo e mais complexa. 0 proprio desenvolvimento do Allegro prepara essa apariqäo. fazendo emergir progressivamente um elemento que de inicio ficara nas entrelinhas: o motivo de quatro notas que näo e apenas a celula fundamental do Scherzo, como. naturalmente. o tema principal do primeiro movimento. 0 cfrculo. entäo. se fecha, num tour de force compositivo que encontra poucos equivalentes na histöria da müsica. Lorenzo Mammi fol professor de histöria da müsica na ECA/USP de 1989 a 2003 e atualmente Integra o departamento de fllosofia da FFLCH/USP Atua como critlco de arte e de müsica.
