Volltext Seite (XML)
Alegria” da Nona Sinfonia de Beethoven. Quando tudo faz crer que a obra estä para ser finalizada, a generosidade do compositor oferece-nos ain- da outro longo tema de grande beleza, cantado pelas cordas. Na peroracjäo final, este e outros motivos, como aquele batizado de “Homenagem a Beethoven”, säo agenciados a fim de completar a sinfonia em pauta de triunfo. Richard Strauss (1864-1949) Dom Quixote. Variaqöes fantästicas sobre um tema de caräter cavaleiresco, opus 35 Strauss completou seu poema sinfönico Dom Quixote, em 1898, como uma serie de “variaqöes fantästicas sobre um tema de caräter cavaleires co”. Partindo dessa forma clässica, acabou por destinar a obra a um violoncelo solista e gran de orquestra sinfönica, que eie tratou com sua habitual maestria. A primeira ideia para a nova partitura havia Ihe ocorrido quando viajava pela Itälia com a mulher, a cantora Pauline de Ahna. Eie, entäo, anotou em seu diärio que desejava compor “uma obra tragicömica sobre a perso- nagem de Cervantes”, por meio de “variaqöes livres e loucas”. Säo muitos aqueles que consideram Dom Quixo te 0 mais belo poema sinfönico do autor. Isso por- que eie reüne e contrapöe, de maneira suprema, representaqöes musicais antiteticas de sonho e realidade, idealismo e banalidade, colocando lado a lado sofisticaqäo e simploriedade. Musicalmen- te, a obra e muito rica, em todos os sentidos. O material temätico e concebido com enorme ima- ginaqäo. E as variaqöes, por sua volta, abrem um leque de situaqöes expressivas, resplandecentes. Assim, ouvir essa obra como “müsica pura” pode vir a ser uma aventura muito prazerosa. Entre- tanto, para aqueles que gostam de historias, de narrativas ilustradas musicalmente, Michael Kennedy jä produziu um bom roteiro. Atraves dele, pode-se acompanhar mais de perto as aven- turas representadas nesse poema sinfönico. Eis uma sintese do texto do musicologo ingles: Introdugäo: Por haver lido romances de cavalaria demais, Dom Quixote perde o bom senso e re- solve tornar-se um cavaleiro andante. Tema: Dom Quixote, o cavaleiro da triste figura (violoncelo solo), e Sancho Panqa, seu fiel escu- deiro (clarone, tuba tenor e solo de viola). Variaqäo 1: O estranho par cavalga na esperan- ?a de encontrar a amada do aristocrata, a bela Dulcineia delToboso; aventura com os moinhos de vento. Variagäo 2: Vitoria sobre o exercito do imperador Alifanfarräo, um gigante, dono de toda uma ilha (batalha contra o rebanho de ovelhas). Variagäo 3: O fidalgo mantem conversaqäo com seu fiel escudeiro, que Ihe pede preceitos e adä- gios celebres e ponderados. Variagäo 4: Desafortunada aventura com uma procissäo de penitentes. Variagäo 5: Dom Quixote faz a guarda de suas ar- mas; abre o coraqäo para sua Dulcineia distante. Variagäo 6: Encontro com uma camponesa que Sancho informa a seu mestre tratar-se de Dul cineia sob os efeitos de um malefico encanta- mento. Variagäo 7: Cavalgada pelos ceus. Variagäo 8: Viagem sob o ceu estrelado no barco encantado (barcarola). Variagäo 9: Batalha contra os supostos feiticeiros, dois pequenos frades em suas mulas. Variagäo 10: Combate contra o Cavaleiro da Lua Branca; Dom Quixote e jogado ao chäo, dä adeus a suas armas e volta para casa, com a intenqäo de se tornar um pastor. Finale: Tendo recobrado o senso, Dom Quixote se entrega a meditaqöes; sua morte. Johannes Brahms (1833-1897) Sinfonia n° 2, em Re maior, opus 73 Ainda que pertencendo ä segunda geraqäo de müsicos romänticos, Brahms foi, enquanto en- gendrador de formas, um artista clässico. Claro estä que a necessidade de mostrar ao püblico sua esfera intima, subjetiva, sempre fez dele um autentico romäntico. Entretanto, ao trans- formar seu universo inferior em obras musicais rigorosamente construidas, eie raras vezes se afastou dos modelos que herdara da tradiqäo, que amava tanto. Foi dessa maneira que, do ponto de vista formal, as sinfonias de Brahms amplificaram os mode los tradicionais. O objetivo dessa operaqäo foi injetar nos velhos arquetipos um novo cosmo expressive, baseado na visäo de que toda uma retorica anteriormente voltada para a enuncia- qäo dos dramas coletivos (um dos ideais cläs- sicos) poderia ser posta a serviqo da revelaqäo — contida, mas autentica e profunda — do “eu” individual romäntico. Se a Primeira Sinfonia custara ao compositor quase duas decadas de penosos esforqos, a Sin fonia n° 2, em Re maior, opus 73, so Ihe ocupou alguns meses dos felizes veräo e outono de 1877. A obra foi iniciada em uma pequena localidade