Volltext Seite (XML)
Wolfgang Rihm (1952) Brahmsliebewalzer (Drei Walzer, valsa n° 2) Durante o seculo XX, dois dos compositores que mais escreveram müsica foram o frances Darius Milhaud e o brasileiro Heitor Villa-Lobos. Cada um deles parece ter nos deixado mais de mil obras. Pois bem: aos 58 anos completados em margo, o alemäo de Karlsruhe Wolfgang Rihm parece estar destinado a ser um dos artistas mais prolificos deste novo seculo. Prova disso e seu catälogo, que inclui ate o momento cerca de quatrocentas partituras, dedicadas äs mais variadas formas de manifestagäo musical — e näo para de crescer. Nele, o artista vai da öpera ä missa, passando pelo bale, pela müsica de cena, a müsica orquestral e a de cämara, alem de par tituras corais-orquestrais e para coro a cappella, ao lado de cangöes e de uma produgäo nada des- prezivel para piano solo. Ao notar o “caos organizado” de sua casa na Ale- manha, um repörter ingles levou o compositor a confessar, olhando para as pilhas de livros, partituras e gravagöes espalhadas pelo estüdio: “t a combinagäo da quäl necessito. Uma parte corrige a outra e, assim, chego a uma especie de equilibrio”. Sua müsica, etiquetada de “pös-mo- derna”, tambem ja foi colocada nas tendencias do “Neoexpressionismo” e da “Nova Simplicida- de” alemä, que, durante as decadas de 1960 a 1980, rebelaram-se contra a “complexidade” da müsica de vanguarda de entäo. Muito premiado, eie e um dos artistas que efetivamente dominam a cena musical europeia. Rihm foi crianga prodigio. Comegou a compor aos 11 anos de idade, para depois ir estudar com alguns dos mais prestigiados mestres da epoca, recebendo os mais diversos ensinamentos — de Fortner a Stockhausen. Se na juventude foi in- fluenciado pela produgäo lacönica de Webern e Feldman, depois ligou-se ä arte mais discursiva de Lachenmann e de Nono, ao mesmo tempo que mergulhou na produgäo de Schoenberg. Nos ültimos tempos, diz eie, para espanto dos ouvintes que acompanham seu trabalho, anda sentindo atragäo especial por Elgar e Sibelius. Chamado por um jornalista alemäo de “onivoro prolifico”, Rihm costuma ir, em sua müsica, da violencia de raiz expressionista ä amabilidade afävel de certo romantismo caseiro. Suas Drei Walzer (Tres valsas) para orquestra foram escri- tas entre 1979 e 1988 e podem ser executadas separadamente. Com elas, o compositor preten- deu relativizar as fronteiras postas entre müsica “seria” e müsica “ligeira”, entre o clässico e o populär. A segunda dessas valsas — Brahmsliebe- walzer (Valsa amorosa de Brahms) — foi escri- ta entre 1985 e 1988, sob a inspiragäo das duas colegöes de Liebeslieder que Brahms compös no final da decada de 1860, destinando-as a quarte- to vocal e acompanhamento de piano a quatro mäos. A müsica de Alban Berg tambem e evoca- da ai. A pega de Rihm preve em sua orquestra a presenga de 8 madeiras, 9 metais, harpa, piano, timpanos, 4 percussionistas e 40 ou mais cordas. Robert Schumann (1810-1856) Concerto para Violoncelo e Orquestra, em Lä menor, opus 129 Escrito no final da trägica existencia do artista, o Concerto para Violoncelo “e uma obra genial, de grande originalidade”, segundo o musicölogo Carl de Nys. Na verdade, alem de bastante ins- pirado, esse concerto soou como uma autentica novidade em sua epoca. Antes de mais nada, seu lirismo aproxima-o mais do universo de Cho pin do que do clima heroico dos concertos de Beethoven. Alem disso — exatamente por sua feigäo lirica —, faz com que o violoncelo solista domine o aparato orquestral, resolvendo o eter- no problema do concerto para esse instrumen ta, que, funcionando sozinho diante de uma or questra sinfönica, raramente consegue ser bem ouvido. Finalmente, do ponto de vista formal, a obra continuava as imaginosas experiencias de Schumann visando a inter-relacionar todos os movimentos de uma partitura concebida em värias segöes. O Concerto para Violoncelo foi escrito em poucos dias, durante o outono de 1850, em Düsseldorf, para onde o compositor se transferira, a fim de tentar — com resultados desastrosos — a car- reira de regente e de diretor de müsica da mu- nicipalidade. Imediatamente depois, Schumann entregou-se ä composigäo da sua sinfonia "Re- nana”, possivelmente sua obra sinfönica mais belamente colorida. Seguiram-se sua tentativa de suicidio, ao se jogar no rio Reno, e, no inicio da decada de 1850, o pedido para ser internado em uma instituigäo para alienados mentais. O movimento inicial do Concerto para Violonce lo, marcado Nicht zu schnell (näo demasiado rä- pido), estä em forma-sonata (Exposigäo, Desen- volvimento, Recapitulagäo e Coda) e e precedido de tres acordes da orquestra. Seu primeiro tema, mostrado nas sonoridades agudas do violoncelo, e ardente e apaixonado. Um pouco depois, e de